O Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) destinará mais de R$ 319 milhões para projetos na indústria automotiva. O objetivo é fomentar o desenvolvimento tecnológico, a sustentabilidade e a competitividade do setor no país. O anúncio foi feito na última segunda-feira (26), em evento em comemoração ao Dia da Indústria, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, que reuniu autoridades e empresários industriais.
Os recursos para nova chamada do Programa Mover, de fomento ao setor automotivo, são provenientes da parceria entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Serão investidos R$ 171 mi pelo Senai e R$ 20 pela Embrapii – totalizando R$ 191 milhões para projetos estruturantes.
O SENAI coordena o programa prioritário Alavancagem de Alianças para o Setor Automotivo. Já a Embrapii é responsável pelo atendimento das demandas tecnológicas da cadeia de mobilidade e logística.
Além dos projetos estruturantes, os investimentos são destinados a parcerias com empresas, consultorias de produtividade e digitalização e capacitação de profissionais para os desafios da mobilidade do futuro.
As alianças industriais e Startups/PMEs Industriais terão um investimento total de R$ 92 milhões. Já a chamada Hands-on e Formação Profissional (MBI) contará com recursos de cerca de R$ 30 milhões.
Confira a estrutura do Programa Mover e o prazo para submissão de propostas
1. Projetos Estruturantes: de 26/05 a 29/08 de 2025.
2. Alianças Industriais e Startups/PMEs Industriais: a partir de 30/06 de 2025.
3. Chamada Hands-on e Formação Profissional (MBI): de 20/06 a 10/07 de 2025.
Interessados devem acessar a Plataforma Inovação para a Indústria para conferir as regras de participação e o cronograma completo.
O programa Mover foi regulamentado em abril deste ano por meio de decreto assinado pelo presidente Lula. O Mover é uma iniciativa do governo federal, que tem como enfoque impulsionar a modernização e a sustentabilidade da mobilidade do setor automotivo por meio de apoio à tecnologia, inovação e eficiência energética.
O diretor de Inovação do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Maurício Muramoto, afirmou que cerca mil empresas foram atingidas pelo programa, principalmente na pequena e na média empresa.
A diretora de Comunicação da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Luciana Giles, apresentou dados apontando que a indústria automotiva representa 21% dos empregos formais no Brasil e cerca de 25% do PIB. Ela disse que a iniciativa tem sido um “motor impulsionador para o avanço da indústria automotiva e da engenharia nacional”.
O presidente da Embrapii, Álvaro Prata, disse que a primeira chamada do Mover aprovou três projetos estruturantes Embrapii/Senai, com investimento total de mais de R$ 110 mi. Agora, na segunda chamada, a previsão é de mais R$ 190 mi – sendo R$ 20 mi da Embrapii.
O painel também teve a participação da diretora Tributária de Comércio Exterior da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Andrea Serra; e da diretora de Desenvolvimento da Indústria de Alta-Média Complexidade Tecnológica do MDIC, Margarete Gandini.
O vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, destacou dados sobre a sustentabilidade da política industrial do país - destacou, por exemplo, que cerca de 85% da frota de veículos leves do Brasil são do tipo flex e 14%, de biodiesel - e sobre a preservação da floresta amazônica.
Ele reforçou a necessidade de redução do custo Brasil, disse que é preciso “desburocratizar tudo o que puder”.
“Nós temos que ter obsessão por custo. A gente vai comprar um produto que é mais barato se ele tiver a mesma tecnologia. É preço. Por que a China voa? Porque o produto dela é mais barato. Nós temos uma cultura do desperdício, então é fundamental, ajuste”, afirmou Alckmin.
Além disso, o vice-presidente destacou o papel da Reforma Tributária para o desenvolvimento da indústria, especialmente em relação à exportação.
“É evidente que a Reforma Tributária vai ajudar, porque ela desonera completamente o investimento e a importação. Estudos mostram que a reforma tributária pode, em 15 anos, estudos do Ipea, o PIB crescer 12% e a exportação crescer 17% e o investimento, 14%. E, finalmente, uma indústria exportadora”, frisou Alckmin.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou a importância do Dia da Indústria, comemorado em 25 de maio, e o papel do setor para o desenvolvimento do país – tanto econômico, quanto social.
“A indústria é o melhor caminho para que a gente garanta desenvolvimento econômico e, consequentemente, desenvolvimento social”, disse.
Segundo ele, a indústria é o caminho para impulsionar a competitividade e a prosperidade que o Brasil almeja. “A indústria é o motor da inovação, a fonte de empregos de qualidade e a catalisadora do desenvolvimento socioeconômico. É a indústria que transforma recursos em produtos e as ideias em realidade, impulsionando a prosperidade e a competitividade que tanto almejamos para o nosso país”, ressaltou Alban.
Em relação aos desafios que a indústria brasileira enfrenta, Alban afirmou que o maior deles é fazer com que o setor continue crescendo. “Não existe país e economia forte sem uma indústria forte”, disse.
Segundo o presidente da CNI, no momento, há temas extremamente importantes para o país em discussão nos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário que exigem cautela e discernimento para o desenvolvimento social e econômico do Brasil estarem em primeiro lugar.
“Temos que encarar de frente a questão dos gastos públicos, da insegurança jurídica. Temos que abordar com responsabilidade a taxa de juros abusiva, que corrói a economia. Tudo isso de forma transparente, deixando de lado interesses de setores públicos ou privados”, frisou Alban.
Na avaliação do presidente da CNI, há necessidade de construção de um consenso em relação às metas fiscais e de políticas econômicas estruturantes, para garantir dispositivos que busquem o equilíbrio das contas públicas.
Na abertura do evento, o presidente da CNI, Ricardo Alban, mencionou os dados econômicos do Brasil em 2024 – como o crescimento do PIB de 3,4%, puxado pelo desempenho da indústria, em particular a de transformação, com alta de 3,8%, e a da construção, que avançou 4,3%.
“Tudo isso foi fruto de investimento em tecnologia, qualificação de mão de obra, sustentabilidade e inovação”, informou Alban.
Apesar dos resultados expressivos do ano passado, o cenário não é tão positivo para 2025, conforme a CNI. “As previsões apontam para um crescimento bem menor da economia”, disse Alban. Na avaliação dele, as perspectivas ruins não podem ser sinônimo de conformidade do cenário.
No evento, o presidente da CNI também destacou a importância do setor ser ouvido em temas que ele avaliou como “cruciais” para aumentar a competitividade da indústria brasileira, como a redução da jornada de trabalho, a modernização do setor elétrico e aumento da carga tributária.
De acordo com ele, quando o setor é surpreendido com projetos e debates “sem a discussão necessária e rumos corretos que aumentam custos”, isso compromete o setor industrial brasileiro e, ainda, o aumento da competitividade internacional.
O evento em comemoração ao Dia da Indústria também contou com uma palestra magna sobre Inteligência Artificial (IA) e desenvolvimento nacional, apresentada pelo ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, houve um painel sobre o papel da política industrial no novo cenário global, com a participação do vice-presidente e MDIC, Geraldo Alckmin, e do advogado-geral da União, Jorge Messias.
O encerramento da solenidade ocorreu com a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Industrial – a mais alta condecoração do setor industrial brasileiro, criada em 1958.
Além da menor intenção de investir, os empresários também enxergam o futuro com menos otimismo
A indústria brasileira começa o segundo trimestre com o freio puxado. A intenção de investimento dos empresários do setor caiu para 56,1 pontos em maio — o menor patamar desde novembro de 2023 — segundo a Sondagem Industrial divulgada na última semana pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador já acumula queda de 2,7 pontos em 2025, após ter atingido o pico em dezembro do ano passado.
Além da menor intenção de investir, os empresários também enxergam o futuro com menos otimismo. Todos os índices de expectativa para os próximos seis meses apresentaram recuo: demanda (-1,3 ponto), compra de matérias-primas (-1 ponto), exportações (-0,5 ponto) e número de empregados (-0,4 ponto). Ainda assim, os indicadores seguem acima da linha dos 50 pontos — o que significa que, apesar do freio, o cenário projetado ainda é de crescimento, porém mais modesto.
O ritmo da indústria já começou a desacelerar. Em abril, o índice de evolução da produção ficou em 47,8 pontos, indicando retração em relação a março. A queda, segundo a CNI, é comum para o mês, mas veio após um março com desempenho acima do esperado. Mas para o mês de maio, o cenário já melhora, como avalia Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.
“Em maio, os empresários mostram otimismo, perspectivas de aumento, tanto de demanda, quanto em quantidade exportada, intenção de contratar mais e de aumentar a compra de matérias-primas. Contudo, na passagem de abril para maio, esse otimismo se tornou um pouco moderado, essa sensação e intenção de comprar mais contratar mais pessoal nos próximos seis meses, se tornou mais moderada e menos disseminada nos empresários na passagem de abril para maio.”
O número de postos de trabalho também caiu, com o indicador marcando 49,2 pontos. Apesar de estarem abaixo dos 50 pontos — sinal de retração — os dois índices ainda superam a média histórica para o mês de abril.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) permaneceu em 69%, um ponto percentual abaixo do nível registrado em abril de 2024. Já os estoques de produtos acabados também encolheram: o índice fechou abril em 49,5 pontos, abaixo do observado em março.
O dado que compara o estoque efetivo com o planejado subiu levemente, de 48,9 para 49,3 pontos. Isso indica uma aproximação entre o que as empresas esperavam e o que de fato está estocado — reflexo de uma demanda que, embora ainda presente, vem perdendo fôlego.
Para esta edição da Sondagem Industrial, a CNI ouviu 1.492 empresas entre os dias 5 e 14 de maio de 2025, sendo 597 de pequeno porte, 520 médias e 375 grandes.
Depois de 90 anos no mercado brasileiro e, ao menos, 30 anos no comércio exterior, a Britvic Brasil poderia se dar por satisfeita. A posição de destaque no ramo de bebidas não alcoólicas, como chás, sucos e energéticos, no entanto, não era suficiente e, por isso, a empresa propôs um novo objetivo: potencializar as vendas para o mercado internacional — tímidas em comparação às vendas internas.
O processo de expansão da internacionalização da marca ganhou força quando a empresa intensificou os contatos com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), afirma o gerente de comércio exterior da Britvic Brasil, Erick Wedemann.
“A gente começou a participar de muitas feiras [de negócios] promovidas pela Apex e, a partir daí, a agência mostrou outros tipos de serviços e auxílios. A gente passou a beber dessa fonte”, conta.
Feiras e rodadas de negócios foram apenas uma parte do suporte dado pela ApexBrasil para o crescimento da empresa no exterior, conta Erick. Reuniões com potenciais compradores, fóruns e embaixadas de outros países foram intermediadas pela agência.
O apoio se estendeu até mesmo a questões regulatórias. “Em alguns países que a gente foi entrar, a legislação era um pouco delicada; a gente não tinha conhecimento tão detalhado, e a Apex nos ajudou muito nessa comunicação com o órgão do país de destino”, destaca.
O resultado da parceria é inquestionável, afirma Erick. “Antes do nosso relacionamento com a Apex, a gente produzia por volta de 40 SKUs e exportava esses SKUs para aproximadamente 12 a 15 países. Hoje, a gente vende para quase 29 países e a consequência disso é em produtos e resultados. A gente está com 20% a mais de produtos, quase 50 SKUs exportados e um resultado de duas a três vezes maior se comparado ao nosso pré-relacionamento com a Apex”, relata.
A Britvic Brasil fortaleceu a presença na Europa e na Ásia. Estados Unidos, Holanda e China são os principais destinos das exportações da empresa, que aposta em bebidas com sabores brasileiros, como o açaí e acerola, para conquistar novos mercados.
“A gente não estaria onde está se a gente não tivesse todo auxílio, parceria e seriedade de trabalho da Apex. A gente chegou em mercados que, sete anos depois, são cruciais para o nosso desenvolvimento. Se a Apex não estivesse lá no comecinho, a gente não teria construído isso”, acredita.
Segundo Erick, o relacionamento com a Apex promoveu um ciclo virtuoso de crescimento para a empresa, que ampliou a estrutura, o número de produtos e de colaboradores por causa do aumento das exportações.
Empresas brasileiras que desejam acessar ou fortalecer a participação no mercado internacional podem contar com diversas iniciativas da ApexBrasil. Uma delas é a ApexBrasil Mais Feiras.
Trata-se de um programa que apoia e viabiliza a participação de empresas brasileiras em feiras internacionais. Além de fechar negócios, a iniciativa permite às empresas promoverem a própria imagem, prospectar tendências em suas áreas de atuação e analisar a concorrência.
A Apex Brasil prepara as empresas, fornece estudos comerciais específicos, promove webinar pré-evento e dá suporte aos empreendedores durante todo o evento.
Para mais informações sobre empresas que internacionalizam suas vendas e programas de incentivo à exportação, acesse: www.apexbrasil.com.br.
A infraestrutura limitada, os altos custos de produção e a distância dos principais mercados consumidores do país levaram à criação da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre). A Cooperacre foi organizada com o objetivo estratégico e inovador de unir todas as cooperativas extrativistas do estado no esforço de fortalecer o comércio dos produtos amazônicos com outras regiões do país.
“Nós trabalhamos com produtos não madeireiros, como castanha, borracha, polpa de frutas e palmito de pupunha em conserva. Hoje, nós atendemos mais de 2.500 famílias extrativistas da agricultura familiar da nossa região”, explica Kássio Almada, gerente de vendas da Cooperacre.
Kássio diz que a empresa atua no mercado internacional desde os primeiros anos, mas que o cenário começou após a construção de usinas de beneficiamento, que permitiram à cooperativa fabricar bens de valor agregado e não apenas matérias-primas. A maior parte dos clientes estava em outros estados do país.
As exportações, por sua vez, ainda eram tímidas, representando pouco do volume produzido pelos cooperados. Foi depois da parceria com a ApexBrasil que a chave virou, diz o gerente de vendas da Cooperacre. A jornada da Cooperativa na ApexBrasil [Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos] incluiu a passagem dos produtores pelo Peiex [Programa de Qualificação para a Exportação], que ajudou a dar o conhecimento necessário sobre o processo exportador e, na sequência, a ampliação do acesso a novos mercados para produtos importantes para a região como a castanha, nosso principal produto.
“Antes de conhecer a Apex, as exportações representavam de 5% a 10% de tudo o que produzíamos. Depois de passar pelo Peiex, tivemos um upgrade. Hoje, entre 50% e 55% do que nós processamos é exportado” conta Kássio.”
Ele destaca que a ApexBrasil não apenas deu suporte com o conhecimento teórico sobre comércio exterior, mas conectou a cooperativa a compradores internacionais. A Cooperacre participou do Exporta Mais Amazônia, programa que visa fomentar as exportações de setores compatíveis com a floresta e com alto valor agregado da Amazônia brasileira.
“A Apex nos aproximou de algumas iniciativas, como o Exporta Mais Amazônia, que trouxeram um resultado concreto com exportação para os compradores que eles trouxeram da Europa. Tenho relações com o pessoal dos Emirados Árabes, da Ásia. A gente abriu muito canal”, comemora.
Atualmente, a Cooperacre tem clientes em 11 países. Emirados Árabes, Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, Filipinas, Itália, Kuwait, Peru, Lituânia, Rússia e Chile.
O sucesso atesta que o objetivo inicial da cooperativa está se cumprindo, melhorando a vida de centenas de famílias no estado do Acre. “A gente está alimentando uma rede que, de forma indireta, chega até cinco mil pessoas. A gente se orgulha de estar tentando valorizar o que essas pessoas produzem, que são produtos da bioeconomia brasileira, que não desmatam e que têm um princípio muito valoroso, que é a preservação da Amazônia”, conclui Kássio.
A ApexBrasil oferta uma série de programas que visam facilitar a inserção de empresas brasileiras — sobretudo micro e pequenos negócios — no mercado internacional de seus segmentos.
Um deles é o Peiex. Presente em todas as regiões do país, o programa orienta os empresários que desejam exportar seus produtos. Os interessados podem entrar em contato com os respectivos núcleos operacionais da ApexBrasil, em cada estado do país, e assinar um termo de adesão ao programa.
O atendimento às empresas por meio do programa é gratuito. Basta ao empresário estar disposto a dedicar tempo e a investir na melhoria do seu negócio. O diagnóstico do que a empresa precisa melhorar para acessar o mercado exterior dura aproximadamente 38 horas. O empreendedor recebe um plano de exportação com orientações para internacionalizar sua marca.
Desde que surgiu, o Peiex atendeu mais de 30 mil empresas em todo o país. Destas, mais de 20 mil são de micro e pequeno porte (MPEs), representando 75% do total. Entre 2023 e 2024, o programa capacitou mais de 6,2 mil empresas, das quais 1,1 mil passaram a exportar, em negócios que movimentaram cerca de US$ 3,27 bilhões.
Para mais informações sobre empresas que internacionalizam suas vendas e programas de incentivo à exportação, acesse: www.apexbrasil.com.br.
Este é o quinto ano consecutivo que o indicador de produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira caiu. A retração em 2024 foi de 0,8%, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que mostra o resultado de um avanço mais expressivo nas horas trabalhadas (4,5%) do que no volume de produção (3,7%).
Esse descompasso sugere que o setor perdeu eficiência: mesmo com mais pessoas empregadas e mais tempo de trabalho, a produção não acompanhou o mesmo ritmo. Desde 2019, a produtividade já acumula uma queda de 9%.
Segundo o economista da CNI, Vinicius Nonato, a elevação da demanda por bens manufaturados em 2024 impulsionou novas contratações, mas o efeito sobre a produtividade foi limitado.
“Em 2024 a gente teve um grande volume de contratação de novos funcionários, então isso demanda um período de treinamento, um período de adaptação desses funcionários até que eles se tornem mais produtivos. E por isso você pode ter um registro negativo na produtividade até que ele se torne mais produtivo.”
Apesar do desempenho negativo no acumulado do ano, a pesquisa mostra que houve melhora no segundo semestre. Nos dois últimos trimestres, o índice de produtividade deixou de cair e o indicador por trabalhador — que mede a produção dividida pelo número de empregados — fechou 2024 com uma alta de 1,4%.
Esse resultado contrasta com os anos anteriores. Em 2022, por exemplo, a produtividade foi impactada por uma retração de 0,4% na produção, enquanto as horas trabalhadas cresceram 2,5%. Já em 2023, a queda foi mais intensa: recuo de 1,1% na produção e diminuição de 0,8% nas horas trabalhadas.
Outro fator que influenciou o desempenho de 2024, segundo Nonato, foi o avanço dos investimentos em modernização produtiva, impulsionados pelo programa Nova Indústria Brasil (NIB). No entanto, ele alerta que a manutenção das taxas de juros elevadas pode comprometer o cenário em 2025, limitando o acesso ao crédito e, consequentemente, os investimentos.
A situação financeira das pequenas indústrias brasileiras voltou a se deteriorar no primeiro trimestre de 2025, registrando o segundo recuo consecutivo. De acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o índice que avalia as condições financeiras — incluindo lucros operacionais e acesso ao crédito — caiu 1,6 ponto, passando de 42 para 40,6 pontos. A nova queda é o dobro da observada no trimestre anterior, que havia sido de 0,8 ponto.
Além das dificuldades financeiras, o desempenho operacional também sofreu retração nos três primeiros meses do ano. O indicador, que considera o volume de produção, o uso da capacidade instalada e a variação do número de empregados, passou de 44,7 para 44,3 pontos. Ambos os índices seguem abaixo da marca dos 50 pontos, limite que separa percepção positiva da negativa.
A falta de confiança tem reforçado esse cenário. Em abril, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) para as pequenas empresas caiu pelo quinto mês consecutivo, de 46,5 para 45,6 pontos. Desde outubro de 2024, o indicador acumula perda de 6,4 pontos, demonstrando que o pessimismo tem se consolidado entre os empresários do setor.
Esse sentimento também é percebido nas expectativas futuras. O índice que mede a perspectiva dos pequenos negócios em relação ao seu próprio desempenho caiu para 47,7 pontos em abril — nível inferior ao registrado no mesmo mês do ano passado, que era de 49,2 pontos. O resultado reforça o clima de incerteza e apreensão com o futuro do setor.
Outro dado que chama atenção é a preocupação crescente com a demanda interna insuficiente. Entre as pequenas indústrias de transformação, 26,5% apontaram essa como uma das principais dificuldades no primeiro trimestre — anteriormente, o tema ocupava apenas a sexta posição no ranking. A carga tributária elevada continua liderando a lista, citada por 39% das empresas, seguida da escassez ou alto custo de matérias-primas (25,3%).
No segmento da construção civil, a principal queixa foi o custo elevado dos juros, mencionado por 39% dos entrevistados. Logo depois aparecem os altos tributos (29,7%) e, novamente, a falta de demanda interna (23,7%) — problema que saltou da nona para a terceira posição em apenas um trimestre.
A pesquisa da CNI reflete um cenário desafiador para os pequenos negócios industriais, que enfrentam simultaneamente queda de desempenho, dificuldades financeiras, pessimismo generalizado e demanda retraída. O conjunto de fatores pressiona o setor e acende um alerta para a necessidade de medidas que estimulem o consumo, reduzam o custo do crédito e promovam a retomada da confiança.
A insatisfação com o lucro e com a situação financeira também aumentou
A indústria da construção iniciou o ano de 2025 em ritmo de alerta. Dados divulgados recentemente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelam que a confiança do empresário do setor diminuiu para 47,2 pontos em abril.
O resultado ficou abaixo da linha dos 50, que indica pessimismo. De acordo com o levantamento, entre os principais problemas identificados pelos empresários estão as taxas de juros elevadas, a carga tributária e o alto custo — ou falta — de mão de obra qualificada.
O relatório da CNI indica ainda, que, além disso, a insatisfação com o lucro e com a situação financeira também aumentou.
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Ainda em março, o índice de evolução do nível de atividade aumentou para 47,2 pontos. No mesmo período do ano passado, a pontuação estava em 48,4. O emprego, por sua vez, apresentou estabilidade, ficando em 48,1 pontos.
Na comparação com o 4º trimestre de 2024, os dados do 1º trimestre de 2025 mostram que o índice de satisfação com a situação financeira também caiu, ao passar de 49 para 46,4 pontos. Além disso, o índice de facilidade de acesso ao crédito recuou para 37,4 pontos. Trata-se de uma queda de 0,3 ponto.
Para a obtenção dos resultados, a CNI consultou 316 empresas de pequeno, médio e grande portes, no período entre 1º e 10 de abril. O levantamento é feito em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção.
Os resultados do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) Setorial, divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na última sexta-feira (25), apontam que a confiança da indústria caiu de forma generalizada em abril. Em relação a março, o indicador caiu em 15 dos 29 setores industriais considerados pelo levantamento, em quatro regiões do país e entre todos os portes de empresas.
A Região Sudeste teve a maior queda entre todas as regiões brasileiras, de 1,3 ponto, com impacto significativo no resultado nacional do ICEI. A região atingiu o menor nível de confiança da indústria desde junho de 2020. Com isso, em abril, a confiança da indústria do Sudeste recuou para 45,9 pontos.
Além da Região Sudeste, a confiança também caiu no Nordeste (-0,6 ponto), Norte (-1,1 ponto) e Centro-Oeste (-0,8 ponto), em todos os portes de empresa industrial (pequeno, médio e grande). No Sul, a confiança da indústria ficou praticamente estável (+0,2 ponto).
Segundo o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a percepção de piora nos negócios e na economia brasileira justificam a queda de confiança generalizada no setor industrial.
“As empresas estão percebendo uma piora nas condições de seus negócios, uma piora na economia brasileira como um todo. E quando se fala das expectativas, olhando para frente, elas veem uma piora das expectativas com relação à empresa e também com relação à economia brasileira ”, explica Marcelo Azevedo.
Apesar do índice ter diminuído em 15 dos 29 segmentos da indústria, aumentou em 13 e não mudou em um. Dessa forma, cinco setores industriais saíram de um estado de confiança para um estado de falta de confiança, enquanto três fizeram o caminho inverso.
Confira os setores que se tornaram pessimistas:
Confira os setores menos confiantes:
O balanço final de abril revela que empresários de 23 setores estão pessimistas, enquanto os representantes de apenas seis segmentos estão otimistas, sendo extração de minerais não metálicos, bebidas, calçados e suas partes, biocombustíveis, farmoquímicos e farmacêuticos e de veículos automotores.
Outro resultado negativo do ICEI foi que em abril de 2025 a confiança da indústria caiu em todos os portes de empresa. Com a queda, as indústrias de grande porte migraram de um estado de confiança para falta de confiança. É a primeira vez desde janeiro de 2023 que as grandes indústrias registram falta de confiança.
A indústria brasileira iniciou 2025 sob pressão. A demanda interna insuficiente ganhou destaque entre os principais desafios enfrentados pelos empresários, segundo a Sondagem Industrial divulgada esta semana pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O problema, que ocupava a quinta posição no fim de 2024, agora divide o segundo lugar com as elevadas taxas de juros, atrás apenas da alta carga tributária — apontada por 33,3% dos entrevistados.
De acordo com Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, a retração da demanda é reflexo direto do aperto monetário e da redução dos gastos públicos. “A demanda é o motor da atividade industrial. Quando ela enfraquece, o empresário hesita em investir, contratar e produzir”, explica.
Além dessas questões, a falta ou alto custo de mão de obra qualificada (22,4%) e de matérias-primas (21,3%) também figuram entre os cinco principais entraves para o setor. Os dados ainda apontam um agravamento das condições financeiras das empresas. O índice de satisfação com a situação financeira caiu para 48,8 pontos, abaixo da linha dos 50 pontos, sinalizando uma percepção negativa. A dificuldade de acesso ao crédito também aumentou, com o indicador recuando para 40,4 pontos.
O desempenho da atividade industrial, que vinha em ritmo positivo nos primeiros meses do ano, registrou recuo em março. O índice de evolução da produção caiu para 49 pontos, indicando retração. Situação semelhante foi registrada no emprego industrial, com o índice fechando março em 49,2 pontos — ambos os piores resultados para o mês desde 2020.
Apesar das dificuldades, os empresários seguem com expectativas positivas para os próximos meses. As projeções para demanda, exportações, contratações e compras de insumos continuam acima da linha dos 50 pontos, embora com leve recuo em relação a março. Já a intenção de investir diminuiu pelo segundo mês seguido, atingindo 56,4 pontos.
A pesquisa ouviu 1.522 empresas entre os dias 1º e 10 de abril, sendo 608 de pequeno porte, 538 médias e 376 grandes. O levantamento traz um retrato preocupante do cenário industrial, que, embora mantenha o otimismo com o futuro, sente os efeitos imediatos da combinação de juros altos, carga tributária elevada e demanda fraca.
A economia brasileira aponta sinais de desaceleração desde o fim de 2024. É o que revela o Informe Conjuntural do 1º trimestre, divulgado nesta quinta-feira (24) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o levantamento, apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) do país ter aumentado 0,2% no 4º trimestre do ano passado, houve um recuo frente aos trimestres anteriores.
Foi verificada uma redução de 2,4% para 2,3% na projeção de crescimento do PIB em 2025. Esse seria o menor crescimento da economia do Brasil nos últimos cinco anos. O quadro representaria um recuo de 1,1 ponto percentual, na comparação em relação ao resultado do PIB de 2024.
Entre os setores produtivos, a indústria teve o melhor resultado, com alta de 0,3%, na comparação com o 3º trimestre do ano passado. O PIB de serviços, por sua vez, aumentou somente 0,1%. Trata-se da menor taxa de crescimento trimestral do setor desde o 2º trimestre de 2021. Já o PIB da agropecuária caiu 2,3%.
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias recuou 1%. Além disso, os investimentos subiram 0,4% em relação ao 3º trimestre de 2024. Mesmo com a alta, o resultado representa uma desaceleração ante às taxas dos trimestres anteriores, quando todas foram superiores a 2%.
Segundo o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, a produção industrial andou de lado no primeiro bimestre. Segundo ele, houve uma estabilidade em janeiro, com um leve salto de 0,1% em fevereiro.
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“O mesmo acontece com o setor de serviços, que cresceu apenas 0,2% em fevereiro frente a dezembro. O comércio está um pouco melhor por causa de algumas peculiaridades, principalmente por uma base de comparação fraca”, destaca.
A CNI estima que o crédito cresça apenas 6,5% neste ano, contra 10,6% em 2024. Além disso, o estímulo fiscal também deve perder força, com os gastos públicos crescendo só 2%, menos da metade do registrado no ano anterior. O mercado de trabalho, embora ainda positivo, também se mostra menos dinâmico.
Com a alta da inflação, que chegou a 5,5% no acumulado em 12 meses até março deste ano e diante da piora das expectativas para esse indicador, o Banco Central decidiu prolongar o ciclo de aperto monetário, com elevação da taxa de juros para 14,25% ao ano.
Com isso, a Confederação acredita que o Banco Central vai elevar a Selic em meio ponto percentual na próxima reunião e manter os juros em 14,75% até o fim do ano. Essa movimentação deve fazer com que 2025 encerre com a taxa de juros real em 9,8% ao ano, ante os 7% no mesmo período registrados em 2024.